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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Convicções

Para o Ano de 2014
Quero ser mais eu, mais autêntica, errar com mais sabedoria.
Todos os anos gosto de fazer o meu balanço, muito meu, escritos que tenho dispersos por várias agendas, folhas soltas, guardanapos de papel e o que vier à mão no momento da inspiração ou da necessidade absoluta de ver em palavras os meus mais secretos pensamentos.

Para o Ano de2014
Quero ser ainda mais eu, agora que consigo conviver bastante melhor comigo, e isso, devo à minha recente aprendizagem do Yoga:
1-     Vou manter as minhas aulas 2 x semana com o Gil de preferência ou outra qualquer pessoa disponível, não me é agradável mudar.
2-     Vou manter as minhas massagens mensais com o Gil, de preferência, ou outra qualquer pessoa disponível, não me é agradável mudar.
3-     Vou manter a minha ligação esporádica com a Alice e tentar perceber-me melhor, aprender melhor a olhar por mim, eu própria, só com a Alice, aqui também não me é nada agradável mudar.
4-     Vou iniciar 1 x semana a ida à piscina, tenho saudades de nadar, de aperfeiçoar o meu braço esquerdo e sentir-me a deslizar pela água, tranquilamente, calmamente, saudavelmente.

Para o Ano de 2014
Quero ainda ser mais eu, em cada dia, saborear cada dia, não ansiar pelo dia seguinte, viver o mais possível cada dia, nesse momento, cada hora, cada minuto, cada segundo, de preferência com o meu PQ e as minhas meninas, com os seus meninos; nos dias em que precisar e não os tiver por perto, vou rodear-me de outras quaisquer pessoas que estejam disponíveis, mantendo a minha solidão o mais tranquilo possível, rodeada quanto baste, tranquilamente, calmamente, saudavelmente.
1-     A dança continua nas minhas grandes necessidades, ter 1 aula por semana seria muito agradável, mas aqui em Grândola.
2-     A música também seria uma actividade a retomar, 1 x semana, aqui em Grândola.
3-     A pintura, um complemento à altura, 1 x semana.
4-     A escrita não apenas para o Jornal habitual, mas manter o Blog e tentar escrever para outros jornais, crónicas dos meus dias; iniciar a minha história, já escrita por tantos episódios soltos, organizá-la, com fotografias, para a família, apenas.

Para o Ano de 2014
Quero ser ainda mais eu, quero que o tempo se adeqúe aquilo que preciso fazer, não vou deixar o tempo fazer de mim uma escrava, o tempo vai-me ser útil em cada dia, cada hora, cada minuto, cada segundo. No trabalho vou produzir ainda mais, e ser em cada consulta mais completa, mais capaz, mais humilde, por isso vou organizar-me, organizando tudo à minha beira, dando abraços e sorrisos diários, dando porque preciso muito receber, quero receber muitos abraços e beijos, sorrisos e gargalhadas, e vou pensar no que posso fazer por quem está ao meu lado, quem me procura, não devo desiludir nem baixar as expectativas, por isso o tempo vai ser meu, vou ser eu a comandá-lo.

Para o Ano de 2014
Quero ser ainda mais eu, fazer sempre o que acho devo fazer, partilhando mais os meus amores, as minhas amizades, dizendo sempre o que é preciso, mas com mais humildade, com mais amor, procurando a sabedoria da palavra, a cura pela palavra?

Para o Ano de 2014
Quero ser feliz, quero amar e ser amada, quero receber, dar, aprender, vencer, tocar a minha alma, o meu coração, tranquilamente, confortavelmente, saudavelmente contigo.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Coincidências

Hoje a minha neta festejou o seu 1º ano; a minha mãe também nasceu neste dia, há muitos anos atrás, há tantos que já nem sei! Este dia foi sobretudo da bebé, foi como se só ela existisse, a partir de agora só ela conta? Ela traz toda a história desta família e da família do pai, a minha querida neta carrega tantos antepassados, que a protejam, Meu Deus, que a protejam! Hoje estava particularmente bonita, bem disposta, dançou, bateu palmas, fez gracinhas, todos nós que presenciamos a sua alegria ficámos contagiados, uma alegria simples, que não pedia mais nada do que o amor de nós todos, estávamos alegres porque sim e foi bom. Não é preciso nada mais para ser feliz, gostar de estar naquele momento ali, bater palmas e cantar: ....barboleta, voa voa voa barboleta...é uma música de telenovela que nunca vi mas que adoro esta música, porque a minha neta a adora também. Sei que não devo viver a olhar para ela, como não devo viver a olhar para trás, no tempo em que pegava na mão da minha mãe e me sentia segura, sei, mas teimo em fazê-lo. Ainda não aprendi a viver comigo, eu que tenho 57 anos, que adoro o meu PQ, as minhas filhas e os companheiros por elas escolhidos, vivo em função deles, se estão bem, se estão bem dispostos, se precisam de alguma coisa, espero pela noite para telefonar e por entre as palavras perceber se estão felizes. Sou feliz através da sua felicidade? Nada mais idiota. Sei que a minha mãe também precisava de me sentir bem, de saber que o meu irmão estava bem, mas olhava de longe, ia vendo e sentindo sem dizer nada, às vezes, já quando estava mais velhota gostava de falar de tudo, mas no princípio da nossa vida em comum foi muito sábia. Todos os dias me lembro dela, sinto que nunca mais vou ser a mesma desde que ela e o meu pai partiram, fiquei órfã, mas hoje, curiosamente senti-me completa, senti que estar com a minha neta e toda a família mais chegada me fez\sentir outra vez completa, aconchegada, presenciei o início com os olhos ainda toldados pelo passado, mas feliz e confiante, o amor é mágico, vê-se nas estrelas. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Despida

Sinto-me despida como as árvores, dum dia para o outro ficaram sem folhas. As folhas caídas, amareladas, espalhadas pelo chão, tornam estes últimos dias de Outono, deslumbrantes e assustadores. Cada dia que passa tenho pequenos momentos de tranquilidade, pequenos momentos de felicidade, grandes momentos de angústia, medo, insegurança, tristeza também, descontrole. Se estivesse numa consulta era talvez classificada de bordline, tanto posso ir para um lado, como cair para o outro. E é esta consciência de que não me consigo manter muito equilibrada, que me assusta. Assusta-me quando choro mais, especialmente se também chorar de alegria, assusta-me quando sinto que fico muito cansada, e já não consigo fazer o que fazia dantes, facilmente, assusta-me quando não entendo as filhas e não posso ficar horas sem fim ao telefone, para que o meu coração fique mais tranquilo e em paz. Estou sempre atenta para tentar perceber entre as palavras delas se está tudo bem, se estão felizes, se precisam de alguma coisa, se as tratam bem, se elas tratam bem e são bem educadas, se decidem bem, e continuo a querer interferir nas suas decisões ou indecisões. Claro que vou sendo enxotada, e vão-me dizendo entre palavras: mãe isto não é da tua conta, da tua responsabilidade, sou eu que decido, quero fazer assim, mesmo que a seguir concorde que errei! Sei que esse sair do nosso ninho é assim mesmo, mas fico insegura, fico assustada de não fazer parte da vida delas, de não fazer parte dos seus sonhos, e compreendo e concordo que não devo fazer, ainda bem que não faço. Mas dentro de mim, muito cá dentro gostava de fazer, gostava de estar presente no seu coração diariamente, como diariamente sinto os meus pais dentro de mim, mas também foi assim connosco, durante muitos anos parecia que não tínhamos olhos para mais ninguém que não fosse o nosso ninho e os nossos passarinhos, que eram elas. Cada dia que passa sinto-me mais despida, as folhas estão a cair-me de dia para dia, quero agarrá-las, segurar cada pedacinho, mas não tenho mais como, estou exausta, e ainda que sinta que valeu a pena construir tudo, dar tudo, agora não sei que fazer com todo o amor que tenho para dar. Percebo que devo transformar esse amor, que posso ser útil de variadissimas formas, percebo que posso e devo partir para outros voos, viver outros momentos, mas fico parada no tempo, olhando o meu ninho vazio!  

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Emoções

Será que já não guardo os meus textos, não os conheço, perco o norte à terra? Sei que o artigo era meu, mas onde o guardei? Quando o escrevi? A quem o escrevi?
Neste ano, no jantar do jornal para onde escrevo há cerca de 21 anos, fui surpreendida com um texto que me pedem para ler e quando começo as lágrimas começam em catadupa e não consigo lê-lo, o que se passa? Um texto meu, é sempre escrito com todo o meu ser, quando começo a saborear as palavras entendo-me toda, cheia de recordações dos Natais, e é mais forte que eu! Não consegui.
A mim dizia-me tudo, os outros não sei o que sentiram, para mim foi um momento mágico: foi o reconhecimento público, feito por uma Mulher que muito admiro, com quem me cruzo apenas nestes jantares anuais, de que escrevo coisas que valem a pena. Misturado com a beleza das minhas palavras, embrulhadas numa emoção sem fim, fiquei sem qualquer capacidade de ser ouvida, chorei em público. Depois a minha amiga faz a leitura, e continua a conversa boa, por fim sempre leio um texto que não escrevi mas que levei não se fosse dar o caso de não haver nada, palermice, há sempre qualquer coisa, desta vez um poema muito bonito, e pronto viemos embora. Um jantar de Natal.

O texto começava assim: O Natal chega sempre depressa demais..." onde será que está ? amanhã vou procurá-lo.