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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Ligações

Temos dias em que nos apetece vir aqui escrever, contar, até inventar histórias. Não preciso muito de inventar, mas gosto. Tenho tantas histórias que contar, muito mais que as 30 que em média cada pessoa tem para contar na sua vida. Hoje, fui mais uma vez à minha sessão de massagem, de cada vez, é uma experiência nova, hoje foi com óleo quente a pingar na testa, tem um nome de origem em sâncrito?que não fixei e que parece querer dizer para que serve, isto é, este tipo de tratamento usa-se para determinadas patologias, penso que na Índia deve ser comum, aqui costumo dar a medicação tradicional da medicina que pratico, leva muito  menos tempo a medicar, não sei se o efeito é mais duradouro. Na verdade era impensável fazer estes tratamentos a todas as pessoas que nos procuram no dia a dia no Centro de Saúde, não havia como. Neste caso, sinto-me uma priveligiada por poder usufruir desta experiência, que mais não seja, tem o efeito positivo, entre 20 a 30% de poder terapeutico que têm os placebos, e é muito mais gratificante que beber uma drageia acompanhada por um copo de água. Abençoada terapeutica, fiquei com o cabelo a escorrer óleo, aromático, só amanhã vou tirá-lo, e vai ser outra experiência, sentir-me renovadamente lavada e limpa. Enquanto me é aplicada a massagem o meu "eu interior" viaja, porque não consigo nem quero pará-lo; desta vez, foi agradabilíssimo, viajei para um sítio com um conjunto de pessoas vestidas todas da mesma maneira, cor de laranja, com panos na cabeça, mas muito brilhantes, bonitos, como se fossem vestes de cerimónia, na Índia, ou outro país oriental, e como se por magia, o meu avô Luís aparece como se estivesse de alguma forma ligado a esse momento; daí passo para Cabeção e para a vontade de arranjar a casa, actualmente a minha casa, mas que antes foi de minha mãe, e que foi comprada pelo avô há muitos anos atrás, por 8 contos! Depois, já não me lembro porque sítios viajei, mas fiquei surpresa da ligação que aconteceu, Oriente-Avô-Casa-Cabeção-Tratar. Temos poderes que a nossa cabeça conhece, que o coração abraça e a razão desconfia? Não é fácil tornar claro, mas que é bonito, românticamente delicioso, é.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Neuras

Não sei se foi por ser 2ª feira, mas estive o dia todo com uma neura, do tamanho do meu mundo. Se tenho razões para a neura, devo ter, se a tenho! As 2ª feiras são sempre difíceis, depois de termos um fim-de-semana de frio, chuva e vento, não é dificil ficar um pouco deprimido. Aguardo com alguma ansiedade pelas tardes de Verão em que chego do trabalho e ainda tenho tempo para ir para o quintal, tratar das flores, apanhar uns cócós dos meus queridos e regar até o sol desaparecer. Ainda não acabou Janeiro, talvez que no próximo mês o tempo me permita ter esse tempo. Quando era pequena na nossa casa não tinhamos quase quintal, tinha o poial da loiça, onde se lavava a loiça de Verão e de Inverno, o sítio da lenha, havia sempre lenha porque se fazia lume o ano inteiro, depois havia o lavatório com uma pequena bacia onde lavávamos a cara, com um espelho dificil de mostrar a nossa cara, para mim estava muito alto, para o resto da família estava na altura certa, mas não era um bom  espelho, as caras estavam mais ou menos aldrabadas, havia ferrugem, não focava bem, era muito pequeno, não verdade não ajudava nada, todos se penteavam mais ou menos ao acaso. Junto ao lavatório havia a retrete, porque não tinha senão uma pia de barro e a porta que se fechava mal, sempre me senti muito constrangida por ter que usar a retrete, de tal maneira que quando comecei a ser "mulherzinha" graças a Deus com 9 anos, convenci o meu Avô Luís da necessidade premente e urgente de se fazer uma casa de banho condigna, a minha felicidade dependia só dessa obra; contados os tostões o meu Avô concordou, a casa de banho ficou digna de uma princesa-EU-e o quintal ficou ridiculamente minúsculo. De modo que prezo muito ter nesta minha casa, 3 casas de banho, uma das quais só para nós dois e um quintal para todos, onde tenho um laguinho com peixes e não sei que mais "gente" lá habita, mas que serão deslojados quando a minha querida neta quiser; tenho muitas histórias àcerca de casas de banho, a última das quais na véspera do nascimento da minha pequena querida, qualquer dia vou escrever as minhas histórias só em relação às casas de banho. Na altura em que nasci, em Cabeção, não havia luz eléctrica, não havia água canalizada, e a minha avó deitava o chichi pela janela, lembro-me bem, e mais, havia uma estrumeira à entrada da Vila onde toda a gente ia deitar o lixo, cócó e tudo, porque não havia recolha de lixo, mas também não havia plástico, só papel e pano, em tão pouco tempo tanta transformação, será que também aconteceu o mesmo com as pessoas? Eu preciso de casa de banho, de quintal e se possível um pouco de espaço para ter uma horta com galinhas, perús, patos, ovelhas, cabras, coelhos, laranjeiras e pessegueiros, pereiras, damasqueiros e uvas de mesa, cerejeiras e clementinas, um porquinho, nespereiras, marmeleiros e gamboas, pelas minhas contas vou ver se arranjo uma horta com uns 5 hectares, para poder ter também um burro e uma burra. Talvez se andar a tentar encontrar esse espaço, ocupe o meu coração e não volte a ter neura na minha cabeça, as 2ª feiras passarão de dificeis a queridas.