Translate

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Aprendizagem

Estou mais calma. É uma das primeiras vezes em que escrevo no local de trabalho. Mas, como me sinto bem, calma e tranquila, apeteceu-me vir até aqui. A semana está a acabar e tem sido repleta de aprendizagem. A neta em casa, a filha, amanhã as filhas, a neta, a sobrinha e os seus pimpolhos que já não vejo há tempo, ter a casa cheia, traz-me felicidade, ter a casa cheia dos meus amores. Parece que estou a aperfeiçoar o meu colo, a neta faz-me ter um colo ainda maior, cabe ela e mais meio mundo. Tenho tudo organizado para o almoço, como tinha quando fazia almoços em Cabeção com a minha mãe, está tudo planeado, temos sopa de cozido, arroz de pato e feijoada de lebre, com uma boa salada de agrião, arroz doce que a vóziha Florência trouxe, depois haverá café e conversa, o pai da minha querida neta não pode estar e tenho pena, gosto muito que ele esteja, sei que ele também gostaria muito de estar, mas só chega domingo de madrugada e cheio de saudades. Chegou a altura de estar mais atenta a quem está à nossa volta, não só a família, mas sobretudo a família. Sei que a seguir ao almoço, vou deslizar de mansinho para o sofá e dormir a sesta, como eu gosto de dormir a sesta, com o bruá de vozes lá ao fundo, a apagar-se lentamente. Estou um pouco egoísta, gosto de determinadas coisas, e ainda pior, gosto que sejam de determinada forma, geito, cor, e o meu pequeno querido chama-me à atenção, percebo que o mundo não gira à minha volta, mas se quiser girar, quem vai lligar a isso, só mesmo ele, o meu pequeno querido.
Estou a aprender a viver. 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Quedas

Os dias finalmente começaram a ser maiores, mas ainda não tão grandes como eu preciso para ser feliz. Preciso tanto de dias grandes e solarentos, preciso de chegar a casa, ficar em calções, camisola sem mangas, descalça, no quintal a limpar, cortar, mudar, mexer na terra.Não quero mais chuva, dias pequenos, ventos, frio, trovoadas, já chega. Preciso do dia, preciso do sol, preciso nem sei bem do quê. Hoje, devia estar contente; trabalhei, estive à tarde numa reunião com apresentação de trabalhos, que adoro, onde falei, falei, jantar em casa com amigos, filha e neta, mais não posso pedir, porque se calhar é exagero, pedir sim, mas com conta peso e medida. Se olhar para mim e avaliar o meu estado, sinto-me bem, calma e tranquila, olhando-me apenas, mas no meu coração sinto que fui demasiado cruel nas críticas que fiz aos trabalhos apresentados; a minha função é dizer o que penso, mas com a componente educativa, e hoje fui só cruel; falei de uma forma que é minha, não sendo; desde pequena que fui treinando a minha capacidade de criticar, sempre e em todo o lado, quando encontro algo errado, era de tal maneira certeira no tiro que raramente falhava o alvo, ou seja, critica minha, não havia como negar a justiça da mesma, nessa altura não sentia tanto este amor / ódio que sinto agora, ou então, já passaram tantos anos que me esqueci. Hoje, acho que as criticas que fiz, ainda pecaram por terem sido curtas, mas o pior foi que ao fazê-las, fi-las de uma forma muito cruel, abusei da crueldade e essa forma de criticar não é eficaz na formação, criticar sempre o que está mal e deve ser melhorado, dizer o que está bem, louvando. Estive de tal maneira agreste, que dificilmente encontrei algo positivo nas apresentações, nesse aspecto, perdi toda a capacidade para o ensino, toda a, como dizer, perdi toda a razão educativa. Correu tudo mal, as apresentações, 2 delas, estavam abaixo do que se pode considerar capaz de ser apresentado, a outra apresentação estava perfeita. Nas apresentações péssimas, corrigi, corrigi, corrigi, cruelmente, sempre; na apresentação boa, dei os parabéns, louvei o colega e o seu orientador. Vou ter que trabalhar muito, para ser uma boa orientadora, na próxima reunião só de orientadores, vamos encontrar estratégias em conjunto que me ajudem a ultrapassar este defeito, a critica cruel. Eu, que agora iniciei a minha actividade na Yoga, 2 x semana, massagem ayuérdica 1 x semana, deixei a medicação anti depressiva e ansiolítica, vejo-me a braços com esta dificuldade: não saber ficar calada e só falar no fim, com toda a delicadeza e amor que tenho dentro de mim e que também adoro verbalizar, dou por mim a calar esse lado bom, e a dar voz ao meu lado cruel. Agora que sou "vózinha querida" ainda tenho um caminho tão longo a percorrer... Saber que já entrei na estrada, deixa-me um bocadinho mais tranquila, mas não descansada, agora percebo que o "caminho" é longo, acho que é muito longo, mas como não costumo desistir, venha frio, vento, chuva, trovoadas e relampãgos, venham ainda os dias pequenos, ok não me importo, posso sofrer, amar e odiar ao mesmo tempo, cair vezes sem conta, mas a cada queda vou levantar-me com mais amor e carinho, a cada queda vou parar e pensar no que errei e voltar a tentar, voltar a tentar corrigindo cada pedaço de mim, caminhando sempre e sei que vai ser  " o fazer o caminho" na procura da sabedoria que me pode trazer a felicidade, os dias de sol, os dias grandes, a calma e a tranquilidade de alma. Em cada queda há sempre a esperança de não voltar a cair, em cada queda há sempre a necessidade de limpar a sujidade que ficou agarrada ao nosso corpo, à nossa alma, mas há também a necessidade de nos limparmos, para nos sentirmos bem. Ao percorrer o caminho vou tentar cada dia avançar, com o menor número de quedas e sei que vou conseguir caminhar sempre e muito. Calhava tão bem não sofrer com elas, as manhosas das quedas.