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domingo, 31 de março de 2013

Sorrisos em dias de chuva

Choveu todo o dia, não me lembro de ter presenciado um dia de Páscoa igual a este, não deu sequer para sair a tomar café, minto, minto mesmo, fomos ao super e tomamos café fora, horrível por sinal, mas essa saída não conta, foi em trabalho. Depois, ficámos por aqui, dormi a sesta, pus lenha no lume, lanchámos, pus lenha no lume, jantámos, pus lenha no lume, e foi assim... Até os cães estão sem vontade, acho que nem foram fazer chichi, não têm problemas de próstata! As gatas têm passado o dia enroladas à volta da lareira, não me parecem tristes. Sinto-me no entanto bem, não estou depressiva, estou com a chuva e sem sol, preciso de sol, mas esta manhã vi o sol no sorriso da minha neta, só por isso, sinto-me tão bem, o sorriso da minha neta é a coisa mais linda que eu posso almejar. No entanto hoje aprendi que ao pé dela sou avó, mas avó como era a minha avó Maria Antónia, velha, a pele ao espelho parece mais velha do que o que sinto, olho-me ao espelho e vejo-me com outros olhos, como se a minha neta me dessa essa perspectiva: aos olhos dela eu só posso ser velha tenho 56 anos de diferença, enquanto que em relação às filhas tenho 27 e 29 anos de diferença, é obra!!! Podia sentir-me triste porque me vejo velha, mas não sinto tristeza, sinto-me "avózinha querida" e isso é muito agradável, pode chover o dia inteiro, os cães podem ficar tristes e o meu pequeno querido abrir a boca que até dá para ver a ponta dos pés, que eu sinto-me feliz com o sorriso da minha neta.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Hospital mas pouco

Temos dias, e hoje tinha-me sabido tão bem ficar em casa, mas não, telefonaram-me cedo para vir trabalhar o mais cedo que eu pudesse. Tudo bem, combinei vir por volta das 16h e aqui estou, num sítio que há muito adorava vir trabalhar e onde finalmente consegui chegar. Adoro trabalhar num Hospital, mas que seja por pouco tempo, porque gosto muito mais de trabalhar num Centro de Saúde.Tem graça, quando acabei o curso, fiquei durante 2 anos no Hospital Pulido Valente há espera do exame final, e a princípio, senti-me fora de sítio, como se só o Hospital de Sta Maria fosse o único digo de mim e eu digna dele, portanto eu estava a fazer uma cedência indo trabalhar para um Hospitalzinho. O tempo passou e vi-me obrigada a escolher em  definitivo a minha carrreira, não sabendo o que era escolhi "ser só médica" e fui trabalhar para  a Madeira, meu Deus, que choque, graças a Deus que me organizei dentro do meu coração e até fui feliz na Madeira. Voltei para Portugal Continental e escolhi Grândola foi o céu, médica de família, num Centro de Saúde com urgência 24 horas e internamento, 22 doentes, Hospital mas pouco. Tentei até ao fim, manter este trabalho, mas a pouco e pouco foram dado cabo deste paraíso, o internamento fechou, a urgência também e entretanto eu própria escolhi Sines, cada vez mais pequeno e mais constrangedor. Ainda fui deportada para um sítio mais pequeno, porque estava a incomodar na sede, e agora aqui estou, num hospital mas pouco. A vida é uma roda vai rodando, rodando, rodando, rodando... e sinto-me feliz, trabalho num Hospital mas pouco!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Dias

O meu dia de trabalho ainda vai longo, acabei de pegar o meu último turno deste dia, a urgência básica de Odemira, vulgarmente conhecida como Sub. Comecei às 21h e já levo alguns dontes vistos, porque felizmente até agora tem sido "coisas" poucas, gente que tem tosse seca há 3 dias, que vêm hoje, nem eles sabem bem porquê!! Quando começo a tentar elaborar a história clínica que na verdade é irrisória, a jovem pergunta-me: então e não me ausculta? Ok fico contente. Na verdade, o meu dia tem sido tão recheado, que estas "coisinhas" não são nada. Costumo trazer jantar e chegar a tempo de o fazer tranquilamente na cozinha do Centro de Saúde, hoje tive que comer uma sande no restaurante da vila, pedi um prego e uma imperial, passados 45 minutos ainda lia o jornal sem nada para comer, como faltavam 15 minutos para entrar no trabalho, tive que ir explicar ao Garçon que desistia da comida, foi simpático, trouxe-me uma sande de carne assada, óptima, e 2 euros e 50 cêntimos de volta, porque o preço era mais baixo, sorri, agradeci e corri para este lugar, aconchegada, reconfortada. Acho que, de certo modo, me fez esquecer um pouco a manhã de trabalho: doentes marcados para a mesma hora, doentes que eu levo bem mais que meia hora a ver, marcados de 15 em 15 minutos e 2 marcados à mesma hora!!! Não há nada que me aborreça mais, porque eu até costumo ver sempre mais doentes do que aqueles que estão marcados, mas sou eu que autorizo na hora, as minha queridas colaboradoras administrativas, sabendo isso, resolvem decidir por mim, e marcam o que elas querem, na quantidade que elas acham que eu sou bem capaz de fazer, até porque tenho a Ana, Interna do 3ª ano, e a Joseana, interna do ano comum, miúdas impecáveis, mas como o seu estatuto bem diz: internas, logo necessitam de mim, não? Mas parece que já me sinto melhor, o dia passou, fiz as consultas com tempo, fomos lanchar um chá de frutos vermelhos e uma torrada deliciosa e agora aqui estou... porque será? Sim, gosto de ganhar um bocadito mais, mas gosto sobretudo de não perder a mão, estou assustada com a velhice? Nunca tinha pensado nisso, não é com a velhice, mas não quero ser museu, quero ser profissional de saúde, com tudo em cima....  

quinta-feira, 21 de março de 2013

O minuto seguinte

Quando vier a Primavera... A Primavera já chegou, os dias já são maiores, mas ainda carrego comigo, muito dos dias frios do Inverno...
Fernando Pessoa escreveu « ... Quando a Primavera chegar, se eu já estiver morto, as árvores continuarão a ganhar folhas e as flores continuarão a desabrochar da mesma forma...», mais ou menos isto! E o Fernando Pessoa estudou a Astrologia, e fez e disse... mas nós continuámos todos na mesma! O que é que muda, o que é que nos faz entrar noutro registo, nós simples mortais, que não estudamos profundamente a Astrologia, nem estudamos profundamente outra qualquer ciência, na verdade a gente não estuda nada e não nos damos tempo para pensarmos em quase nada, nem sequer queremos ou gostamos de nos ouvir! Na verdade, vamos passando pelos anos, pelas Estações do Ano, pelas horas e pelos dias, correndo. Estamos sempre procurando chegar a tempo ao minuto seguinte, como se a nossa vida depende-se de se chegar vivo ao minuto seguinte, e depois, quando chegamos, estamos tão fatigados, tão stressados, que passamos ao outro minuto sem termos dado tempo para saborear o momento da chegada. Pulamos de minuto em minuto, de dia em dia, sem nos darmos nada, sem chegarmos a ter consciência do presente, do momento, comemos a correr, folheamos o jornal em diagonal, pousamos os olhos na televisão, sem expressão, dormimos umas horas, fazemos sexo no intervalo e manipulamos a nossa memória de acordo com o tempo que nunca existiu, com a felicidade sempre ausente, ou porque já passou ou porque ainda não chegou, talvez amanhã!
A Primavera chegou, mas o Inverno ainda está tão presente na memória do nosso corpo que até doi, os músculos, as articulações, os neurónios, tudo em mim reclama sol e, no entanto, recusa movimento.
A Primavera chegou, quer eu viva quer eu morra, as árvores já estão a ganhar folhas verdes, as flores já pespontam em cada niquinho de terra e eu a adiar o amor...

segunda-feira, 18 de março de 2013

Luzinhas

Estou a pensar que hoje é dia 18 e amanhã dia 19, mas não é com tristeza, sinto alegria por isso! Sinto alegria porque o dia de amanhã é o dia do pai, do meu pequeno querido porque é pai, do pai da minha neta, da avó da minha neta, e do meu pai e de tantos outros pais! Acho que, por já não estar em presença fisíca, sei que ele, o meu pai, está sempre em presença espiritual no meu coração. O meu pai continua sempre no meu coração e aquilo que aprendi, há pouco tempo é certo, é que, de cada vez que penso nele, a luz brilha mais e ele sobe um degrauzinho na escadaria da luminosidade, ou da trascendência, ou das almas que estão à direita do Pai, ou do cálice de Luz de onde todos partimos, mas para onde todos queremos voltar e para onde, apenas só alguns conseguem regressar. Não é um conceito simples, fácil, mas está disponível on line; na verdade, faz parte do conhecimento de alguns, poucos. Eu fico contente por saber que, ao lembrar o meu pai com muito amor e gratidão por tudo o que ele me deu, e me proporcionou dar e aprender, fez a diferença, ser filha dele foi uma bençâo! De cada vez que me lembro dele, e acho que me lembro várias vezes por dia, a sua luz se torna mais brilhante e vai subindo cada vez mais alto, para bem perto do Criador, isso para mim chega, neste momento chega, tenho que dar tempo ao tempo para poder ir aprendendo mais.
Amanhã dia 19, dia do pai, já tenho na gaveta a prenda das filhas para este pai, que é o meu pequeno querido e que  também fez a diferença para com as filhas, ser filha deste pai acho que também é um previlégio, assim como para mim, sou abençoada por amar e ser amada assim, por isso agradeço!
Amanhã dia 19 vou sentir um bocadinho de saudade, mas percebo que agora estou por minha conta, que agora tenho que ser o meu próprio amparo, das filhas, da neta e dos netos que vão chegar, quero também eu ser digna de "marcar a diferença" por estar por perto, isso é a melhor homenagem e o melhor agradecimento que posso dar a meu pai, sei que a sua luzinha continua a crescer dia a dia, subindo na direcção do Pai....

domingo, 17 de março de 2013

Boquiaberta

Estou no mês antes dos meus anos, é uma altura para balanço, aprendi a semana passada que o mês antes de fazermos anos, ficamos mais difíceis de aturar, sem paciência, tão cansadas, que só de pensar em andar, doem-me as pernas, vale é ir ao Yoga, quando posso! E pensar que estou no mês antes dos meus 57 anos e só agora aprendi "essa cena" como diz a minha filha mais velha.
Ora bem, cá vai o que aprendi e que me deixou boquiaberta: a gente antes de nascermos fazemos contratos para a vida, depois nascemos e crescemos, em espiral, e de cada vez que passamos por essa casa, todos os anos, 1 mês antes dessa data, somos confrontados com esse balanço: estamos a fazer o quê com esses compromissos que assumimos? estamos ou não a honrar esses contratos? hora de balanço! Percebi que é um balanço efectuado entre a 3ª dimensão, onde vivemos e outras dimensões que desconhecemos, mas que nos deixa exaustos!!!!
"Essa cena" não é fácil de entender, de modo que decidi ir à procura de informação, como não sabia sequer o que procurar, resolvi procurar os chacras da Terra, percebi que não havia só chacras para nós, simples mortais ou somos mesmo Deuses? Havia também para o nosso planeta, e fiquei mais uma vez de boca aberta; é uma visão que me assusta, é um registo diferente, é uma informação que apenas circula para quem procura, não aparece nos jornais e muito menos na rádio ou televisão, Ipods ou afins, mas é informação disponível on line!
Como se isso não bastasse a minha querida filha, jovem mãe, explicou-me que a minha querida e linda neta, tem estado mais rabugenta durante a noite, porque estamos com uma baixa pressão! Baixa pressão? perguntou a avózinha querida, eu mesminha, boquiaberta! Resposta na ponta da língua:
-Oh mãe, baixa pressão, que antecede a tempestade, qual a dúvida?
-Nenhuma, só não sabia que influenciava o descanso da minha adorada neta!
-Claro que influencia, assim como as mudanças da lua também influenciam, mas tu não sabes isso?
-Eu, euzinha, claro que sei, naõ estava a tomar bem atenção à conversa, não ouvi bem!
Meu Deus, pensei eu, atormentada, baixas pressões, sono, descanso, choro de bebé... contratos para honrar, cansaço... não, quero ir-me embora, parem o Planeta, quero sair na próxima paragem...Socooooorro!