Vou copiar para aqui a 1ª folha do projecto 2013, será que vou ser capaz um dia de o concretizar?
Projecto 2013
A estrada faz-se caminhando. Nestes dias sem sol, fica
mais difícil caminhar. Não sei como é que se faz, quando não se tem uma casa em
permanência e por isso me fascínia imaginar a minha próxima viagem, a viagem à
volta do mundo. Leio muitas vezes, em directo, as histórias dos que estão a
braços com essa experiência, desde o papakilómetros até quem leve um veleiro,
ou uma simples bicicleta, também já li viagens mais curtas, de burro. Muitas
parecem ser as opções, a mim talvez me dê jeito levar casa, como não pode ser
uma casa mesmo, 3 assoalhadas, cozinha, casa de banho, despensa, sala, quintal,
talvez uma auto-caravana grandinha, seja então suficiente. Não vou precisar de
muita roupa, utensílios de cozinha, ou livros, uma mão cheia de cremes, sim,
fazem-me muita falta, para a cara, corpo, pés e mãos, calções e calças,
vestidos, nada que precise ser passado a ferro; agora roupa de cama,
confortável, toalhas turcas e tolhas de mesa não vou poder esquecer. Os meus
cães pois, terão que ir comigo; as gatas, não sei que faça, a minha Sarita se
fica tanto tempo sem me ver, não aguenta, gosta de festas de manhã, gosta de
festas quando come, gosta de ficar atrás do televisor, nesta altura em que
ainda faz frio, as gatas vou ter que pensar melhor. O tempo de viagem, o
caminho para a viagem, o dinheiro, ainda não pensei; vou fazer o projecto igual
à nossa casa, digo tudo o que gostaria de ter, e vai ser pouco, nunca imagino
muita grandiosidade, depois se tivermos que cortar é na realidade, nunca no
sonho. Quero começar a viagem logo que possa, quero viajar sem rumo nem
destino, apenas os meridianos me interessam, cada um por sua vez, devagar, sem
pressas. Ainda hoje dei por nós a jantar num ápice, fazemos as refeições tão
depressa, não gosto muito de estar horas esquecidas à mesa, mas tão depressa
também não é bom, por isso com a viagem é o mesmo, muito tempo não, o
suficiente, sem ser à pressa. Quero sair de manhã, depois de tomar o
pequeno-almoço, não vou arrumar a loiça, fica para a Zulmira, porque na minha
ausência a Zulmira vai ter que vir dar de comer aos bichos, não posso levá-los,
especialmente as gatas, não iam sentir-se bem, iam assustar-se, podiam até
fugir e depois, como é que eu ia aguentar perdê-las? Não, as gatas
definitivamente não podem ir. Acabado o pequeno-almoço, começa a viagem, tudo
preparado, destino desconhecido; comida no frigorífico, despensa repleta,
caravana aconchegada, lá vamos nós, meridianos que nos aguardem. Amanhã
continuo, a estrada faz-se caminhando, imaginando, sonhando.
Estes dias de preguiça dão cabo de mim!!!!