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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Vale a pena chorar

Regressei, agora que estou em véspera de ir de férias, volto um pouco mais desanimada do que é meu costume, porque sinto a cada dia mais peso do trabalho, que eu adoro; e, porque me sinto um pouco exausta, não aguento que me mandem trabalhar mais, quando eu sinto muita dificuldade em manter o que devo fazer no meu dia a dia, quanto mais trabalhar ainda mais horas. Na verdade, não sei porque me sinto triste e porque é que até verti umas lagriminhas, se me sinto muito bem a trabalhar, e se gosto de ir para o Centro de Saúde é porque gosto do contacto diário com as pessoas que me procuram, e se de algum modo eu poder contribuir para lhe melhorar o seu dia a dia, a minha vida diária tem sentido. Trabalho para o doente / utente, não para o meu patrão, pode aproveitar o meu trabalho e brilhar com a estatística que é minha, mais nada. Então nada nem ninguém me pode fazer mal, nada nem ninguém tem poder para me entristecer, nada nem ninguém está acima de mim, porque eu estou ao serviço de quem precise de mim, é para essa certeza que devo orientar-me e não para quem faz do seu dia a dia o entusiasmante trabalho de andar a olhar para o lado, de viés. Quando trabalhamos para um Serviço tão grande como o Estado, não podemos estar à espera que haja alguém que nos dê valor pelo nosso esforço diário, não podemos estar à espera que haja alguém que nos diga" como é bom trabalhar contigo, estou ao teu lado"; aquilo que oiço é: Celestina não podes marcar tantas consultas, as enfermeiras não aguentam, as administrativas não dão a conta; Celestina hoje tens que fazer 14 consultas de Barcu porque o Dr.º Paulo e / ou o colega Mário acham que faz falta! Eu também acho, mas como tenho feito tantas consultas ao longo de todo o ano e como amanhã vou entrar de férias, parecia-me mais normal ter a tarde para poder estar com a Ana e deixar tudo arrumado para ir de férias tranquila; acharam que não, que amanhã numa hora durante a manhã posso arrumar o que me falta ainda fazer; não merecia a pena mais desgaste, chorei e não valia a pena, só valeu porque recebi miminhos da MariLena, enfermeira de mão cheia, que adoro trabalhar com ela e quero acreditar que também ela gosta de trabalhar comigo. Valeu a pena porque tive muito mimo da minha interna Ana e da minha antiga interna Joseiana, que são uns amores, só por isso valeu a pena, e na verdade Deus só dá a carga que se pode aguentar, ou como diz a MariLena, quando se fecha uma porta, há sempre uma janela que se abre ao lado, e a vida ensina-nos a cada momento. Há tanto tempo que não chorava, acho que me desenferrojou a alma; se a minha mãe pudesse aconselhar-me ia dizer: fulana é amiga, a cicrana não presta filha, só quer ser mais importante que tu, o meu pai diria então: dá-lhe passagem!
Tantas outras histórias que entretanto passaram por mim, mas tenho a minha dislexia anterior às férias, logo, logo, vou ficar melhor e calmamente falar sobre o que aprendi neste mês de exaustão, amanhã ainda vou fazer o banco a Odemira, e por volta das 10h e 30 m da manhã de sábado inicio as minhas férias, sem subsídio, mas tão saborosas. Tantas saudades do Verão com os meus pais e os meus avós, será que vou ser boa avó? Se for menina será Mafalda, se for menino será Miguel, por mim acho bem, e o casaquinho creme que comecei tem quase as costas prontas, quero tanto ser uma Avó com letra grande como vi fazer na minha casa. Em Dezembro a nossa família vai aumentar que coisa boa, vou ter que trabalhar mais devagar para quando o meu neto nascer estar capaz de lhe dar muitos beijinhos e muitas festinhas, e claro dar festinhas e beijinhos a todos a quem sempre dei, se possível este ano vou alargar os meus beijos e abraços a todos quanto puder; na minha alma só quero guardar felicidade, amor, bondade e muita compreensão e compaixão, nada mais interessa.

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