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segunda-feira, 26 de março de 2012

Canseiras

2ª feira nunca é fácil, trabalhar no primeiro dia da semana é dose; chegámos os dois tão cansados a casa, como se fosse 6ª feira ou mesmo sábado, depois de uma urgência à noite - exaustos, ou com "mau olhado"? Noutro dia vou explicar o que é um mau olhado, hoje não me apetece, estamos melhor agora, depois do jantar e do nosso passeio a seguir ao jantar, mas sinto um cansaço tão grande, que o esforço de escrever me parece demasiado. Não posso dizer que o dia tenha sido muito intenso, mas o fim-de-semana foi cheio de actividade e sinto que os meus 55 anos me pesam. Tudo começou na 6ª feira, a Mariana, interna do 2º ano terminou o seu mini estágio, mas mesmo assim precisou apresentar um pequeno trabalho que me obrigou a fazer uma pequena revisão, a Ana esteve a re-escrever o relatório de Saúde Infantil, e fui revendo com ela, cada palavra, cada vírgula, cada assunto, no intervalo das consultas, a Joseana chegou à tarde e esteve a ajudar-me nas consultas dos diabéticos que deveriam ter sido 10, mas estavam marcados 14 e não faltou ninguém! Quando eram 19h e 30m agarrei nas minhas coisas, incluindo o farnel e conduzi até Odemira, cheguei a horas de jantar, e começar a trabalhar às 21h, começar? Bom, tudo estava a ir tão certo, tão direitinho, que aconcheguei-me por volta das 24h na esperança de só ser chamada por volta das 4h da manhã, mas não, o rapaz da Segurança foi chamar-me às 3h porque achou que era eu que estava de chamada, acordei estremunhada, não me lembrava onde estava, sentei-me na cama e tráz, a cama de cima bateu-me em cheio, estava deitada na cama de baixo do beliche, pensei que tinha ficado ferida, não, tive sorte. Quando descobrimos que não era eu que devia estar ali, era tarde, não valia a pena ir chamar o meu colega, lá fui atrás do rapaz, mulher de 87 anos em pré-edema, adrenalina em cima; passado um bocado o Segurança lamuriou-me qualquer coisa que não entendi, deixei a doente com o enfermeiro e fui outra vez atrás dele, grávida em fim de tempo, 2ª gravidez, 1º parto rápido, agora com contrações de 2/2 minutos talvez com sorte de 3/3minutos, fiz o toque, parto eminente! Voltei para a jovem de 87 anos, a tensão arterial melhorou, mais uns ajustes de trapeutica, ecg para o CODU, via fax, o directo não estava a funcionar. Outra vez o Segurança a lamuriar qualquer coisa de imperceptível para os meus queridos ouvidos, cada vez mais longe dos sons, voltei a ir atrás dele, mulher de 78 anos que chega cadáver, verfico o óbito. Volto para o pé da parturiente, luvas novas, novo toque a mulher está a parir, fica ou segue? Vou eu mesmo chamar o meu colega, faço-lhe uma festa no braço, ensonado murmura qualquer coisa, digo-lhe: anda comigo, mas primeiro acorda bem, e agora foi a vez de alguém vir atrás de mim. Vou abreviar, a morta foi para a Igreja, pela manhã. A que estava em pré edema foi para o HLA  com a ambulância CIV. O bébé nasceu, perto das 4h, rapaz, com 2 circulares bem apertadas, a mãe estava óptima e o bébé também, foram todos arranjadinhos para Beja. Do resto já não me lembro, por volta das 9h da manhã, chegou nova equipa, peguei outra vez nos meus haveres, conduzi até Grândola e só de pensar nesse dia é natural que ainda me sinta cansada hoje, amanhã conto o resto.

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