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domingo, 19 de maio de 2013

Domingos

Preguiçar é uma coisa boa, mas não me sinto à vontade, sinto-me um pouco perdida; ao mesmo tempo, quando faço urgência ao fim-de-semana, sinto-me cansada demais, exausta, então? Eu sei que posso fazer mil e uma coisa sem ser trabalhar no meu "ofício" mas, parece-me idiota, se trabalhar ganho um pouco mais... e sinto-me útil! O meu pensamento e a minha lucidez deixam  um pouco a desejar, ninguém anda atrás de mim a ver o que ando a fazer, trabalho toda a semana, bem mais que 8 horas dia, seria razoável aceitar o descanso semanal como uma coisa boa, uma coisa a que tenho direito, mas não é bem assim, a preguiça não é  o mesmo que o descanso, a preguiça também é boa, mas só preguiça quem já descansou, caso contrário não o será. Outro dia ao jantar, dei comigo a ser avaliada pelas minhas filhas, com uma recomendação para não deixar as consultas da Alice, psicóloga que me atura há anos, e porquê? Porque na nossa conversa, tínhamos voltado ao momento do nascimento da minha neta, dia de anos de minha mãe; comentei que meu irmão tinha falado sobre esse momento e que tinha comentado que a mãe tinha morrido no dia de anos da filha dele, eu olhei para as filhas e desabafei: que culpa tenho eu? As filhas em uníssono, ralharam-me, quase me gritaram que ninguém estava a culpar-me de nada!!! Quantas e quantas vezes o meu raciocínio é assim maldouzo? (Esta palavra não existe?) Quantas e quantas vezes falamos de coração, sem cabeça? Quantas vezes mandamos a nossa inteligência emocional  para as urtigas? Este Domingo não foi fácil, teve muita preguiça. Andámos no quintal, podei e mudei plantas, escrevi sobre o projecto da nossa próxima viagem, à volta do mundo, mas não gostei, precisava de mais companhia, eu adoro estar com o meu PQ, mas não posso sentir que estou a preguiçar, e ao mesmo tempo sentir que não tenho direito. Amanhã vai começar nova semana, sinto-me feliz por poder ir trabalhar, sei que a meio, lá para 4ª ou 5ª feira, já vou andar cansada, não faz mal, preciso ainda muito de trabalhar. As filhas há muito que têm a sua casa, vivemos os dois nesta casa que eu adoro, com as gatas e os cães, não tenho que me queixar, tenho que pôr a minha inteligência emocional ao meu serviço.
Vou copiar para aqui a 1ª folha do projecto 2013, será que vou ser capaz um dia de o concretizar? 

Projecto 2013
A estrada faz-se caminhando. Nestes dias sem sol, fica mais difícil caminhar. Não sei como é que se faz, quando não se tem uma casa em permanência e por isso me fascínia imaginar a minha próxima viagem, a viagem à volta do mundo. Leio muitas vezes, em directo, as histórias dos que estão a braços com essa experiência, desde o papakilómetros até quem leve um veleiro, ou uma simples bicicleta, também já li viagens mais curtas, de burro. Muitas parecem ser as opções, a mim talvez me dê jeito levar casa, como não pode ser uma casa mesmo, 3 assoalhadas, cozinha, casa de banho, despensa, sala, quintal, talvez uma auto-caravanasa, como não pode ser uma casa, grandinha, seja então suficiente. Não vou precisar de muita roupa, utensílios de cozinha, ou livros, uma mão cheia de cremes, sim, fazem-me muita falta, para a cara, corpo, pés e mãos, calções e calças, vestidos, nada que precise ser passado a ferro; agora roupa de cama, confortável, toalhas turcas e tolhas de mesa não vou poder esquecer. Os meus cães pois, terão que ir comigo; as gatas, não sei que faça, a minha Sarita se fica tanto tempo sem me ver, não aguenta, gosta de festas de manhã, gosta de festas quando come, gosta de ficar atrás do televisor, nesta altura em que ainda faz frio, as gatas vou ter que pensar melhor. O tempo de viagem, o caminho para a viagem, o dinheiro, ainda não pensei; vou fazer o projecto igual à nossa casa, digo tudo o que gostaria de ter, e vai ser pouco, nunca imagino muita grandiosidade, depois se tivermos que cortar é na realidade, nunca no sonho. Quero começar a viagem logo que possa, quero viajar sem rumo nem destino, apenas os meridianos me interessam, cada um por sua vez, devagar, sem pressas. Ainda hoje dei por nós a jantar num ápice, fazemos as refeições tão depressa, não gosto muito de estar horas esquecidas à mesa, mas tão depressa também não é bom, por isso com a viagem é o mesmo, muito tempo não, o suficiente, sem ser à pressa. Quero sair de manhã, depois de tomar o pequeno-almoço, não vou arrumar a loiça, fica para a Zulmira, porque na minha ausência a Zulmira vai ter que vir dar de comer aos bichos, não posso levá-los, especialmente as gatas, não iam sentir-se bem, iam assustar-se, podiam até fugir e depois, como é que eu ia aguentar perdê-las? Não, as gatas definitivamente não podem ir. Acabado o pequeno-almoço, começa a viagem, tudo preparado, destino desconhecido; comida no frigorífico, despensa repleta, caravana aconchegada, lá vamos nós, meridianos que nos aguardem. Amanhã continuo, a estrada faz-se caminhando, imaginando, sonhando.

Estes dias de preguiça dão cabo de mim!!!!


  

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