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terça-feira, 4 de junho de 2013

Dúvidas e certezas

Tenho 57 anos e como eu gosto de me sentar para ter uma aula, é certo que também gosto de estar do outro lado, a dar uma aula, adoro esses momentos, para mim, momentos de convívio direccionado, convívio com tema. Quando era pequena a minha avó Maria Antónia achava que eu ficava muito bem em Professora Primária, as madrinhas por outro lado, ao perceberam que não me apetecia, comentaram uma com a outra e eu a ouvir, Professora de Matemática era uma boa profissão; fui andando e no momento da escolha, decidi Medicina e ainda bem. Mas, estar sentada para ir ter uma aula dá-me um gozo muito grande, ainda que o tema desta vez não seja muito entusiasmante, eu gosto: é epidemiologia, e não é a 1ª vez; como não é um tema que eu pratique com frequência, de vez em quando sabe bem voltar a ouvir e de cada vez é como se fosse quase a 1ª vez. A escolha da profissão nunca me assustou, gosto de fazer tantas coisas, mesmo agora que tenho uma profissão sinto-me capaz de ter outras paralelas, não fosse esta tirar-me tanto do meu tempo diário; outra que eu ainda quero ter é ser rural, rural é ter um terreno com galinhas, patos, cães, gatos, burros e burras, couves e alfaces, laranjas e damascos sem esquecer as nêsperas. O meu pai tinha uma horta, com galinhas e coelhos, porcos e borregos, laranjas e um tanque, coisa maravilhosa, eu achava que ia ser assim para sempre, o meu pai e a horta, engano meu, tudo o que tem início tem fim. Na altura das partilhas a horta ficou para a titi, eu acho que ela não gosta da horta tanto quanto eu, mas quem manda é ela, se eu fosse hoje a Cabeção ver a horta, de certeza que está abandonada, se calhar, se eu tivesse ficado com ela também estaria, a distância leva-nos a abandonar. Talvez a solução seja encontrar um terreno que substitua essa lacuna, não tenho ainda o dinheiro necessário para comprar o terreno com uma dimensão que dê para ter uma horta em ponto grande, e me faça ser feliz com a outra profissão paralela, a rural. Depois, tenho mais uma ou duas coisas que gosto muito, diplomata, é outra profissão que gostaria de ter tido, já é tarde, era bom porque viajava, era intelectual e importante, com roupas bonitas, soirés e teatros, operas e chá invariavelmente às 5h, consigo passear às vezes e tenho quase todos os dias o chá às 5, também é bom; ballet, já é um pouco tarde para ser bailarina em pontas, e as pontas são muito importantes, como são importantes as piruetas, o pas-de-deux, e a roupa, linda, posso tentar no yoga ganhar um pouco da graciosidade, e faço sempre que posso 2 a 3 vezes por semana; outra profissão que tenho, ainda que muito paralela é a escrita, só me falta mesmo é a publicação do livro, ainda não decidi bem o tema, sei que vai ser "descritivo, observacional", falta decidir as restantes características e nomeadamente as variáveis, o tempo o dirá. Outra profissão que gosto é dona de casa, mas sempre com a ajuda da Zulmira, ou outra que possa, dona de casa nunca deve andar sózinha, é desgastante e pouco gratificante.
Amanhã vou continuar no meu cursinho, os outros alunos meus companheiros de carteira, são 19, a maioria muito nova, da idade das filhas, sinto-me bem no meio deles porque me sinto igual, isso faz-me feliz.
Podia ainda ser bailarina?







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