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sexta-feira, 22 de março de 2013

Dias

O meu dia de trabalho ainda vai longo, acabei de pegar o meu último turno deste dia, a urgência básica de Odemira, vulgarmente conhecida como Sub. Comecei às 21h e já levo alguns dontes vistos, porque felizmente até agora tem sido "coisas" poucas, gente que tem tosse seca há 3 dias, que vêm hoje, nem eles sabem bem porquê!! Quando começo a tentar elaborar a história clínica que na verdade é irrisória, a jovem pergunta-me: então e não me ausculta? Ok fico contente. Na verdade, o meu dia tem sido tão recheado, que estas "coisinhas" não são nada. Costumo trazer jantar e chegar a tempo de o fazer tranquilamente na cozinha do Centro de Saúde, hoje tive que comer uma sande no restaurante da vila, pedi um prego e uma imperial, passados 45 minutos ainda lia o jornal sem nada para comer, como faltavam 15 minutos para entrar no trabalho, tive que ir explicar ao Garçon que desistia da comida, foi simpático, trouxe-me uma sande de carne assada, óptima, e 2 euros e 50 cêntimos de volta, porque o preço era mais baixo, sorri, agradeci e corri para este lugar, aconchegada, reconfortada. Acho que, de certo modo, me fez esquecer um pouco a manhã de trabalho: doentes marcados para a mesma hora, doentes que eu levo bem mais que meia hora a ver, marcados de 15 em 15 minutos e 2 marcados à mesma hora!!! Não há nada que me aborreça mais, porque eu até costumo ver sempre mais doentes do que aqueles que estão marcados, mas sou eu que autorizo na hora, as minha queridas colaboradoras administrativas, sabendo isso, resolvem decidir por mim, e marcam o que elas querem, na quantidade que elas acham que eu sou bem capaz de fazer, até porque tenho a Ana, Interna do 3ª ano, e a Joseana, interna do ano comum, miúdas impecáveis, mas como o seu estatuto bem diz: internas, logo necessitam de mim, não? Mas parece que já me sinto melhor, o dia passou, fiz as consultas com tempo, fomos lanchar um chá de frutos vermelhos e uma torrada deliciosa e agora aqui estou... porque será? Sim, gosto de ganhar um bocadito mais, mas gosto sobretudo de não perder a mão, estou assustada com a velhice? Nunca tinha pensado nisso, não é com a velhice, mas não quero ser museu, quero ser profissional de saúde, com tudo em cima....  

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