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domingo, 12 de janeiro de 2014

Desabafos

A minha neta já anda, ainda não vi, mas sou capaz de imaginar e só com isso fico feliz. Lembro-me da minha alegria quando as minhas filhas começaram a andar em casa dos meus pais, a minha mãe tinha muito orgulho quando dizia: as minhas netas começaram todas a andar cá em casa! As minhas filhas e antes delas já as primas, também tinham feito o mesmo. Significava que passavam tempos com os avós, porque era bom, porque eles adoravam e elas, as 4, filhas e sobrinhas também, nós os pais adorávamos igualmente, portanto a visita aos avós era frequente. Havia sempre coisas para estar ocupado, a minha mãe quando não tinha inventava, e havia sempre a horta com os animais nossos amigos, desde as galinhas, aos coelhos, houve alturas em que também haviam borregos e porcos e patos no tanque, enfim, uma verdadeira horta muito povoada, as miúdas adoravam. Depois em casa, a minha mãe fazia leite quente com torradas ao pé do lume o que não se consegue igualar hoje em dia. Nada que elas tinham na casa de Cabeção eu consigo fazer, mas estou a tentar fazer também alguns mimos, próprios desta minha casa, sempre que estou com ela, a minha neta, as minhas filhas e também as minhas sobrinhas, que já têm também as suas crianças. A minha casa é agradável, eu acho que também sou querida, a minha cozinha agrada, o meu colo é grande, mas a minha neta já anda e eu ainda não vi, mas imagino.
Há uma diferença grande, a minha mãe não tinha trabalho fora de casa, eu saio de manhã e chego à tarde, só tenho livre alguns fins de semana e as férias, por isso programo algumas actividades para irmos todos juntos, nos meus anos e nas férias, e somos felizes.
Se sinto a falta da minha mãe, meu Deus como eu sinto? Será que a minha neta sente que eu sinto essa falta, ou para ela eu também sou uma avózinha querida? Só posso ser, com a escola que tive!
Presunção e água benta cada um toma a que quer, dizia a minha avó, e eu quero querer que a maioria das vezes sou querida, quando não sou é porque naturalmente, também temos dias. Parece que os dias da minha depressão estão paulatinamente a passar, só tenho que ficar atenta e quando voltar a nova vaga de tristeza, sei que é por um tempo limitado, porque consigo identificar-me e falar comigo, falar, escrever, pensar, meditar e sem luta, deixar o momento seguir o seu caminho. Cada dia tem o seu encanto, a sua descoberta, preciso apenas de me manter em paz.

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