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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Egoísmos

Continuo a tentar ser feliz, cada dia parece que vou melhorando, lentamente. Ainda hoje dou por mim a olhar para o lado e a tentar conversar com a minha mãe, contar-lhe coisas, banais, ouvir também coisas, banais, não estava nos meus planos viver sem ela, sei que sou chata por falar tanta vez da minha "Joana" mas a verdade é que todos os dias "vivo com ela". A minha psicóloga, já me explicou centenas de vezes que não devo continuar a manter tão viva esta lembrança, não faço nada para a manter e, na verdade também não faço nada para a mandar embora. Apenas a lembrança dos momentos que vivemos juntas me aparecem em cada virar de esquina, em cada conversa com o meu PQ, com as filhas, será que quando puder conversar com a neta também vou ter essas lembranças? Não sinto ferida, sinto aconchego, não sinto pena, sinto amor, não sinto vazio, sinto o coração cheio, se essas lembranças fazem mal à minha mãe, sou egoísta, fazem-me tão bem a mim. A Eternidade onde ela está não tem fim, será que faz mal trazê-la no meu coração por pequeninos momentos diáriamente? OK já me explicaram que quando precisar posso sempre falar com o meu Anjo da Guarda, calha bem, nem o conheço!! Como é que nos vamos entender? Não temos muito em comum, ele nunca se deu a conhecer, nunca me acariciou a cabeça, nem fez festas nos pés, chamá-lo para quê, deve ter muitas almas para guardar e eu não sou especial para ele, mas fui muito especial para a minha mãe, e ela foi "super especial " para mim, temos, ou por outra, tínhamos um entendimento à distância, sabíamos sempre como estávamos, sem falar, sem sequer nos vermos, bastava uma pequena palavra ao telefone, e entendíamo-nos, por isso ainda agora é muito mais rápida a "conversa" com a minha mãe, muito mais do que com o meu Anjo da Guarda, posso ser egoísta mas por enquanto ainda sinto que assim não está muito errado, ou estará?
Nas religiões que conheço, mal, umas dizem que com a morte do corpo tudo acaba, outras acreditam na reencarnação, outras na vida após a morte do corpo, outras ainda querem conservá-lo para o regresso da alma, no fim dos tempos, bla, bla, bla, bla, não sei nada, não percebo ainda nada, com 57 anos e 156 cm de altura, não sei nada. Sinto-me assim, paulatinamente a melhorar o meu estado anímico, com mais vontade de trabalhar e entender os que me procuram diáriamente na consulta, com mais vontade de participar nas minhas aulas de yoga, sinto até vontade de comprar o aparelho auditivo, que dizem, tanta falta me faz, por isso, acho que estou a conseguir superar-me sem outras ajudas extras. Cada dia é cada dia, e amanhã vai ser um dia também bom, vou tentar dar o meu melhor, tranquilamente.

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