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sábado, 15 de março de 2014

Coçar as costas e fazer anos

Está novamente a chegar a altura de fazer anos, de certa maneira, já me aborrece, tenho sempre as mesmas dúvidas, as mesmas incertezas, será que devo ficar sózinha, convidar a família alargada, convidar todos, amigos e conhecidos? A filha mais nova torna esta dúvida existencial ,fácil de resolver: convida quem te apetecer! Bom, neste momento práticamente gostava de tudo e de nada, ou antes, gostava de ficar com todos e com ninguém, nada mais simples! Parece que devia sentir-me mais "normal" à medida que o tempo passa, mas é o contrário, a idade não nos dá tranquilidade, o conhecimento talvez, e ainda não tenho o conhecimento suficiente! Lembro-me da minha mãe olhar para mim, quando queria a minha aprovação, e se o meu olhar correspondesse ao seu desejo ela ia em frente, caso contrário, dava -me algumas ideias, conversas e conversas sem fim, falávamos sobre a questão e íamos construindo de acordo com a sua e a minha vontade, muitas vezes dizia:
- Achas bem?
- Acho, mas então e se convidássemos mais o Zé e a Maria, o pai gosta tanto de conversar com eles...
- Não é muita gente para a nossa casa?
- Acho que não, dá para sentar toda a gente à mesa...blablabla
A conversa continuava no outro dia, e no outro, até que ficasse tudo bem organizado na nossa cabeça e no nosso coração; o meu pai ouvia, de vez em quando dava também uma opinião e cada vez ficava melhor organizado o dia e a festa.
Agora sinto-me sózinha, se falo com o meu PQ diz que é como eu quiser, se falo com a minha filha mais nova, diz-me que é como me sentir mais confortável, que bom! Não é essa ajuda que preciso. O que preciso é falar muita vez do mesmo tema, até que fique interiorizado em todos nós, como vai ser!
Não me percebem. Acho que esse problema, de falta de entendimento é transversal a tudo e a todos. É muito difícil fazer-mo-nos entender, dar a conhecer aquilo que precisamos. Devemos cada vez mais saber expressar a nossa necessidade, a vontade de fazer, o nosso interior, é, mal comparado, como quando pedimos para nos coçarem as costas:
- Mais para cima, não, mais para o lado, mais para baixo, no meio, é no meio...
E lá vamos guiando o nosso benfeitor, a arte de sermos coçados nas costas tem que se lhe diga! Se coçam onde precisamos é o céu, senão é um inferno, doloroso, despropositado.
Cada ano parece ser mais difícil organizar o meu dia de anos, acho que não devemos passar por cima das datas que nos são queridas como se nada fosse, assobiando para o lado, as festas grandes ou pequenas, rejuvenescem-nos, por isso festejemos a vida. Vai haver festa!

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