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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Esta agora!

O Ano vai andando, hoje já é dia de Reis; só hoje acabei a carta de Natal, ainda a enviei para os meus amores e mais duas amigas, não tive coragem de enviar a mais ninguém. Também abusei um bocadito, escrevi quase três páginas sem fotografias sem nada a enfeitar e tão cedo que a comecei a escrever, continuo a ter alguma dificuldade em cumprir prazos de escrita e de arrumação. Dois temas que vou ter que melhorar este ano, acho que vou melhorar mesmo, vou tentar todos os dias.
Estou um tudo nada angustiada, hoje: quando temos um doente com uma doença muito grave, cancro muito maligno, com tratamentos protocolados habituais, que parece que melhoram a vida, prolongam a vida, quase sempre, e o doente não quer, que fazer? Vai querer fazer tratamentos alternativos que a gente não sabe nada, ou quase nada, fazemos o quê, Meu Deus ajuda-me! Como podemos ajudar nestas circunstâncias? Sei que a palavra última é do doente mas estou habituada a seguir a minha estradinha, tento não me desviar, seguir sempre em frente, sem maltratar nada nem ninguém, sem passar à frente, sem dar cotoveladas, sem cuspir para o chão nem tirar macaquinhos do nariz, quando me deparo com uma pessoa que adoro e que é exatamente o meu oposto, que quebra por norma todas as barreiras e protocolos, que diz não com muita frequência, que vive do que "apanha", que não tem emprego nem dinheiro dela própria, não sei como ajudar a pescar quem não come peixe. A minha mãe não me preparou para várias coisas:
- A minha mãe nunca falou comigo sobre a morte, que um dia eu ia viver sem ela, não me preparou para esse momento e a minha tristeza e a minha saudade não tem fim;
- A minha mãe sempre me ensinou a obedecer e palavra de médico era sagrada, nem pensar em questionar o Senhor Doutor;
- A minha mãe sempre manteve toda a família à sua volta, e fazíamos tudo para a deixar feliz, obedecíamos; se refilávamos era baixinho, só muito mais tarde é que pouco a pouco falávamos e podíamos não estar muito de acordo ao princípio, mas no fim da conversa já falávamos a uma só voz e nunca fomos para a cama zangadas;
- A minha mãe partiu, já não sabia dizer o meu nome, mas tinha - me no seu coração que eu sei;
- A minha mãe partiu cedo demais, deixou ainda muita coisa para me ensinar, coisas que eu precisava aprender com ela.

Mas se é assim eu vou ser capaz, porque sei que vou tendo a ajuda dela, dentro de mim sei que vou tendo, e só eu sei!

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