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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Fazer de conta

Cá em casa estamos bem graças a Deus, e vocês como estão, a vida tem estado bem? Eram sempre assim que começavam as nossas cartas, para a família, para os amigos, para toda a gente e de toda a gente, na altura em que a vinda do carteiro era tão importante, um acontecimento partilhado por todos os vizinhos e motivo de conversa antes e depois! O coração batia, o contentamento era inexplicável, e o início em que se rasgava o envelope e se começava a saborear cada palavra, cada espaço, cada letra bem desenhada, cada emoção trazida, o coração ficava confortado, era um momento de extase; não sei se já poderam saborear momentos destes, mas a quem me tem lido, até hoje 2188 pessoas, claro que se repetem por 10 países, desde a América até à Rússia, pergunto-me: porquê, porque vagueamos ao sabor das conversas, das escritas, de blogues, de facebooks, twiters e outros que desconheço? Sei que precisamos de conversar, de sentir amor no coração, colo, que nos cuidem, e assim fazemos de conta que nos escrevem? Que as conversas são para nós? Entretemo-nos com estas palavras como antigamente nos entretinhamos a ler e reler os mesmos livros, as mesmas cartas, a ouvir e a contar as mesmas histórias, vezes sem conta? Não sei do que vocês precisam, eu gostava de ter cartas em papel, de precisar esperar pelo carteiro, gostava que o tempo voltasse atrás mas neste tempo, em que tenho 56 anos, tenho um PQ adorável, 2 filhas lindas e adoráveis, mas têm dias,  2 genros insubstituíveis e também adoráveis, 2 sobrinhas e 2 sobrinhos netos que eu gostava que vivessemos todos numa grande casa, para podermos jantar todos os dias juntos, isso é que valia a pena, como não pode ser, escrevo blogues, porque já ninguém lê cartas e os carteiros estão em vias de extinção, e sabe bem, sentar no sofá com a Carlota entre as pernas a aquecer-me, o computador no colo e eu a escrever "cartas de fingir". Nunca pensei que nesta idade ia continuar a fazer de conta e sabe tão bem.
Espero notícias na volta do correio, e talvez a gente se encontre nas férias do Verão ou lá para o Natal, quem sabe, a tua filha, mãe, sobrinha, tia, avó, que te adora

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