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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Ansiedade

Ansiedade é uma emoção que comanda a nossa vida e mesmo que racionalmente a gente pense que não há razão para se sentir ansiosa, a verdade é que não é a razão que comanda a nossa vida, o que comanda a vida é o sonho, a emoção, o amor ou a raiva, o medo, o sofrimento, raramente a razão. Mesmo com aquelas pessoas que são muito racionais, muito calculistas, acho que o que lhe comanda a vida é o fim a que se propõem, aquilo que mais desejam, é o que os faz caminhar todos os dias. Isto para chegar ao ponto de dizer que ando ansiosa e não sei porquê, sinto-me ansiosa mais à tarde do que pela manhã, é ansiedade e não tristeza, de pressão, é de tal maneira que o coração aumenta a sua frequência, a frequencia respiratória mantém-se mas tenho necessidade de encher mais o peito de ar, como se o ar que normalmente inspiro não me chegasse para o que preciso respirar, e então? Vamos analisar porquê? Não tenho nada que me aperceba que me causa ansiedade, se se pudesse explicar pela alegria de viver então, podia explicar, mas também tenho muitas saudades, tantas e todos os dias. Pela manhã, mais ou menos à hora do café lembro-me da minha mãe, e quase pego no telefone para saber como está? Ouvir-lhe a voz, saber o que anda a fazer, que novidades há em Cabeção, e quando a vontade é muito pouso a mão no telefone e fico a olhar: não sei o número de telefone, não me lembro, e quando procuro melhor nos meus neurónios eles recordam-me que já não existe telefone na casa de Cabeção, não fazia mais falta, porque o Pai partiu há 11 anos e a Mãe há 1 ano, então? Nesse momento de verdade, fico com o coração murchinho, e quero falar com alguém que me entenda, mas quem? O meu PQ não pode ser atormentado com pedidos de mais atenção, as filhas não podem falar comigo, também elas estão a trabalhar de manhã, falar com a minha empregada Zulmira, não merece a pena, ela nunca conheceu os meus Pais, então? Levanto-me, vou até à zona das meninas administrativas ou enfermeiras, dou dois dedos de conversa, abafo dentro do meu coração as saudades e falo do que me vier à cabeça, e quando acabei a vontade de conversar, vou trabalhar, e com todo o profissionalismo mando entrar o próximo doente e estou pronta para mais 4 ou 5 histórias de vida.
Se fosse depressão era bem pior, tinha muito pouca vontade de falar e não me apetecia trabalhar, mas eu quero e gosto de trabalhar, portanto excluimos a depressão.
Almoço a correr para descansar na minha sala, na maca, com uma boa almofada e um cobertor um pouco sujo, mas bem quentinho, este repouso dura cerca de 1 hora e sinto que me faz muito bem, mas últimamente nem isso tenho feito, continuo a trabalhar. Durante a tarde quero que passe depressa porque quero voltar para casa para ir para o jardim, arrancar os trevos que me estão a abafar a relva, e que sensação boa que é arrancar ervas, sentir que estou a cuidar do jardim, até a companhia dos meus cães e dos meus gatos é reconfortante. O cão da minha vizinha loira do lado, adora-me e põe-se a ladrar para lhe dar uma dose de festas, e dou, de tal maneira que agora de manhã quando estou toda pipi para ir para o trabalho a Roxy corre desajeitadamente para a 1ª dose de festas matinais, o Vicente não gosta dessa repartição de mimos, e eu fico a cheirar a cão, tenho que me limpar com uma tolhete logo de manhã.
A conversa é como as cerejas, começo num lado e vou caminhando ao sabor da vontade, sem rumo, isso sabe bem tão bem que até me liberta, mas muito devagar, da minha ansiedade.

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