Translate

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Puns

Assim não dá para fazer grande coisa, durante o dia trabalho, não sei se chove ou se faz sol, quando venho para casa chove, assim não dá! O Inverno foi ameno, a Primavera está a ser um pouco chuvosa de mais, sei que a água faz falta nos campos, nas albufeiras, faz falta em todo o lado, menos no meu quintal. Hoje o cão não apareceu, conversei de manhã com a Zulmira, e ela já tinha dado conta que o cão andava aí, e acha que foram os ciganos que o deixaram, só me faltava mais esta informação, já não chegava a má vizinhança ainda era preciso deixarem para trás um dos seus cães; ao pequeno almoço o meu PQ confirma que o vizinho dos alumínios andava a tentar apanhá-lo, mas até nisso o bicho é esperto, o vizinho dos aluminios não é bom da cabeça, anda a passear com o outro cão dele, cão que acho anda a treinar para caçar, a passeá-lo de trela, só que ele o dono vai de carro com o braço de fora da janela e o pobre bicho a correr ao lado do carro. Se voltar a ver isto faço queixa à GNR, que também não sei se será a essa entidade, faço queixa que maltrata deliberadamente o animal, porque será que este cachorro foge dele e dormiu esta noite na minha sala, junto à lareira, quando tinha sido enxotado? Esta tarde não apareceu, será que já foi apanhado, encarcerado ou muito amado? Amanhã de manhã assim como nem quer a coisa vou perguntar à Zulmira se o viu, se há coisas que quero saber ela está sempre atenta a tudo e a todos.
Não faço nenhuma actividade ao ar livre, se a chuva não pára no meu quintal algo de mau me vai acontecer, chego a casa tão cansada que nem consigo ler o jornal, o correio, ver a TV ou ouvir música, adormeço no sofá com a Carlota enrolda nas minhas pernas, mas até a Carlota tem andado meia tonta e de vez em quando solta um gaz tão mal cheiroso que até arranha na garganta, coisa doida, como agora, estou aqui tão tranquila a escrever e ela a deitar estes cheiros horripilantes. Nós os humanos, temos uma produção diária de cerca de 14 puns, maus cheiros, flatulências, peditos ou bufitas, o que quiserem chamar se forem audíveis ou não, a minha Carlota tem dias em que tem uma produção trágicamente aumentada, trágicamente para mim, porque está sempre enrolada ao meu cólo, se fosse o cachoro que andava ontem aqui eu ia adoecer com a produção do mau cheiro, porque deve ser tudo em proporção, cu pequenino um mau cheirinho, cu grande um mau cheirozão. Não vou contar mais nada porque o meu dia foi para além de trabalhoso, foi desgastante e deixou-me com um nó na garganta, os episódios de loucura humana sucedem-se, não sei se é loucura, se é má sorte, se é ser enteado da vida, uns serão filhos do Universo, outros serão enteados; hoje foi o Ricardo que está no Lar Âncora, tem 12 anos e está a fazer Haldol decanoato de 15 em 15 dias, de modo que tem aquele olhar ausente a fala entramelada, e a baba a correr ao canto da boca, mas mesmo assim ainda tem um sorriso nos beiços! O Ricardo foi abandonado ou retirado à família, nem perguntei hoje, mas ele ainda me contou que o avô morreu dia de Natal, que a avó também morreu com ele, a mãe não dá sinal de vida, não perguntei pelo pai, parece então que está sózinho no mundo, junto com os outros meninos no Lar, para além disso está na consulta de Pedo psiquiatria que o medicou à séria, e por enquanto não posso fazer nada! Isto não é ser enteado? É. Onde está o Rei do Universo para acudir a estaas criaturas, cães, gatos, meninos, todas estas criaturas abandonadas? Há quem aquente? Amanhã vou conseguir ter um dia normal e de certeza que o cachorro já tem dono, um dono normal, que o Ricardo vai estar melhor e que o Universo me vai dar sol no meu quintal.

Sem comentários:

Enviar um comentário