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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Tardes de folga

Estive uns dias de férias com a família, que de 4 passou a 6, foi muito bom, muito calmo, muito tranquilo, num sítio que nos leva a ambicionar sempre, mais e mais conhecimento; não sei explicar porquê, mas em Barcelona a gente sente-se bem, com toda a diversidade de gente, com tanta loucura na rua, quer em termos de penteados, quer em termos de roupa, mas tudo isso nos faz bem à imaginação, parece que potencia a imaginação que já existe em nós, Barcelona não sei se será bom sítio para viver, é concerteza bom sítio para passear. Já fomos várias vezes, eu e o meu PQ, desta vez fomos, primeiro, porque sim e isso é sempre um bom motivo; depois porque o Marco nunca lá tinha estado, e os 5 restantes já tinham ido e tinham adorado, combinação perfeita, os meus aninhos que eu adoro fazer, muitos miminhos e muitos passeios. Não fiquei nada cansada, mas dormi sempre a minha sestinha, se passear o dia inteiro a minha cabeça não aguenta, fico com muita informação e começo a ficar tonta; como o meu PQ também gosta de passear a este ritmo, somos felizes.
Hoje cheguei à realidade, cheguei ao meu trabalho e para além das grávidas em abundância, como é o habitual, pediram-me para avaliar uma jovem de 15 anos que tem tido comportamentos agressivos em casa e na escola, com muito mau rendimento escolar. Fiquei de propósito na minha tarde de folga para conversar com calma com a pequena. Pois bem, e de forma muito abreviada, é uma jovem adolescente que já viveu momentos de grande loucura; é filha de um segundo casamento de sua mãe que neste momento já vai no 3º, fóra os namorados; do 1º casamento, que aconteceu aos 16 anos, teve 3 filhas, a mais velha não é boa da cabeça, e a mais nova saíu agora da prisão, "já está a ver a doutora?!..."
A ver, a bem dizer, eu não estava a ver nada, porque a história ainda agora estava a começar e já me sentia tão longe de Barcelona, Meu Deus, como há tanta miséria humana!
Para não baralhar este início de história, só contar que quer a mãe quer a filha já viveram na rua, em pensões e agora até estão muito bem, este 3º casamento é o mais abastado, com um pescador que ganha bem, e é agora nesta altura tã boa é que esta filha começa a dar problemas, "... ela até é meiga, mas quando se descontrola é agressiva comigo, é má..."
Mas é má como, por palavras, por acções, má como? pergunto eu, perguntinha naif, que a mãe não ligou e a filha confirma com ar muito entendido, "sou agressiva com a minha mãe!"
Esta menina de 15 anos, presenciou cenas de pancada entre a mãe e o pai, o pai alcoólico, que um dia a mãe bateu até à morte.... afinal não estava morto, mas toda a gente pensou que sim, nã, ela não lhe tido dado tanta pancada que o matasse, as pessoas é que gostam de fazer filmes, sabe Estremoz é uma cidade pequena!...
Não vou contar mais, mas com 15 anos, é dose. Combinámos que a Jovem vai voltar para falar comigo daqui a 1 mês, para tentar sarar feridas, tentar.
Como Barcelona fica distante, aqui a realidade é tão cruel que abafa qualquer hipótese de imaginação, a miúda disse à minha colega que a observou antes de mim, de quem ela não gostou nada, que : não esperava nada do futuro! Pudera!
Viver assim não presta, devia haver para todos a possibilidade de visitarem Barcelona.

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