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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Reformas

Tenho assistido à reforma de colegas meus, no tempo de reforma normal, antes do tempo normal, e quase nenhuns para além do tempo habitual, e o que constacto é que vão embora como chegaram, de mãos a abanar, vazios, ninguém os surpreende com um "muito obrigado", ou "que pena ires embora, ainda tinhas tanto para dar ao mundo, ou que falta me vais fazer, como eu gostava da tua companhia", nada, nada mesmo, como se fosse normal a reforma antecepida, ou a tempo e horas ou depois do tempo. A reforma é normal para quem sonha com ela e assutadora para quem a encara de frente. Lembro-me quando chegou a altura do meu pai passar à reforma, foi convidado a trabalhar mais uns anos, até passar o trabalho com calma e tranquilidade ao seu sucessor. O trabalho era importante? E não são todos os trabalhos importantes? Pois bem, o meu pai era fiscal de rega na Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sorraia, e só de escrever este nome, eu, apenas filha do trabalhador sinto-me em casa, sempre senti que aquele trabalho do meu pai era mais que trabalho, mais que obrigação, era uma honra trabalhar naquela Associação, com aquelas pessoas que eu considerava e eram todos amigos do meu pai. Foram muito importantes quando eu e o meu irmão estávamos os dois a estudar, ajudaram com dinheiro que o meu pai pagava como podia, de acordo com o que tinham acordado, nós tirámos ambos o curso superior, o que para além de ser um orgulho para a família também o foi para aquela Associação; quando finalmente o meu pai se reformou, aos 70 anos de idade, houve um almoço lá em casa, com prendas e discurso e sobretudo muita amizada, como se o ciclo tivesse sido fechado, como devia, tudo o que devia ser feito foi feito. O que vejo agora à minha volta não tem nada a ver, acho que no nosso país não faltam bons trabalhadores, faltam é bons gestores e bons lideres, gestor qualquer um pode ser, agora lider só é quem pode, não é quem quer. A vida vai-nos mostrando paulatinamente as sequências, como são diferentes na sua igualdade, assusta!

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