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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tecnologia e poupança

A tecnologia é uma coisa que nos facilita a vida, mas precisamos ter tanta dependência dela? Agora esta situação da crise e das contas suberanas dos países em defíce, comecei a tentar pensar nas minhas rotinas diárias de modo a que possa reduzir os meus gastos ao mínimo, a comprar quando estritamente necessário fazê-lo, a comprar apenas produtos de origem portuguesa, comprar o mais barato possível com qualidade e aquilo que preciso mesmo, para mim, para a casa, para as filhas, para oferecer, enfim, restringir ao máximo os gastos.
E comecei por pensar no que faço logo que me levanto: higiene fisiológica + higiene corporal, onde restringir? No papel higiénico - decididamente não vou voltar a limpar-me a papel de jornal, podia, temos jornais semanais que ainda compramos, mas se usar papel de jornal, fico um bocadito suja, terei que usar toalhetes húmidas! Mesmo que use papel e arranje aquelas toalhas de turco para me lavar, são um bocadito incómodas para levar para o trabalho, e depois ninguém ia perceber o uso de papel de jornal quando se usa a casa-de-banho.
Só com esta situação da higiene pessoal fiquei bloqueada, não avancei mais, não consegui decidir-me, papel de jornal com toalhas turcas, ou um bom papel higiénico de 2 folhas, macias e com ligeiro perfume, confortávelmente usadas, aumenta-me logo a auto-estima matinal. Posso prescindir? Posso, ainda que também este pensamento me tenha levado para o tempo em que na minha casa, tínhamos uma peça de barro, tipo alguidar, a que se tinha tirado o fundo, encaixada num banco de cimento, e eu como era pequena subia para o banco, e agachava-me para cumprir o meu ritual fisiológico, a limpeza era efectuada com papel já usado que a minha mãe levava para a retrete, nome que se dava a esse lugar degradante onde nos resguardavamos dos olhares alheios, apenas os olhares, porque a porta tinha um fecho fabricado pelo meu avô, que deixava uma fresta por onde entrava o frio e a chuva, e por onde saiam todos os cheiros e os sons, a nossa intimidada desbaratada, sem podermos resgardarmo-nos, humilhante. Durante muito tempo expliquei a toda a gente, pais, irmão, avós, visitas habituais, Ti Marcena, Senhora Deolinda, etc., que não podíamos continuar a ter uma retrete, eu queria, não era bem querer, eu precisava de uma casa de banho, ir estudar para o colégio de Cabeção e não ter uma casa de banho para me arranjar de manhã, como é que podia ser feliz? Ia até interferir no meu estudo, aliás ninguém podia estudar sem uma casa de banho digna, o meu avô compreendeu-me e a casa de banho surgiu em todo o seu explendor, que momentos de felicidade me proporcionou; agora voltar atrás para poupar no papel higiénico? Não, deve haver outra forma e outro bem em que se possa  poupar eficazmente, no papel, definitivamente não. Amanhã continuo a percorrer os meus rituais para iniciar a minha cruzada na poupança, espero ter esperteza e arte para desbloquear preconceitos, papel de jornal e papel higiénico, qual a diferença?

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