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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Trabalho

Quando chego a casa já estou tão cansada que nem me apetece fazer mais nada, mas faço. Vou para o jardim e vou arrancar as ervas ou a relva que está a mais, dou uma regadela, de pés descalços e horas de jantar. Jantar, sair para o passeio nocturno com o Vicente, nós, a Carlota só quando está de bom humor, voltamos, olhamos para a televisão, uma vista de olhos pelas notícias e cama. Leitura? bordados? casaquinho de malha para o Inverno, não consigo, amanhã vou novamente sair para o Centro por voltas das 8h e 45m, dia após dia, semana após semana, mês e mês seguidos, há 30 anos que é assim, estou farta? O problema é que gosto, gosto da viagem matinal de meia-hora até Sines, gosto do inexperado do dia, gosto da hora do café, gosto de dar uma gargalhada, gosto de voltar a casa e saber que vocês estão cá todos, os gatos, os cães, tu, as filhas, cada uma no seu sítio, mas perto do meu coração. Falta-me tempo, o tempo que outro dia me explicaram que na verdade "o tempo nunca falha", qualquer então vou ter tempo para ler, escrever, aprender música, fazer trabalho solidário, voltar à escola mas agora para começar um curso de História e Religião, sonhar faz mal?
Hoje não tive histórias, vi 15 crianças durante o período da manhã,todas tão diferentes e tão iguais, apetece-me cada vez mais ser avó. Durante o período da tarde, vi cerca de 20 mulheres para despiste do cancro do colo do útero, e não houve muito tempo para conversa, cada uma com a sua história, com as suas dúvidas e ansiedades, mas não me ficaram na cabeça, porque já estava a ficar tão cansada, mas feliz, na verdade cada dia gosto mais de trabalhar, doida?!

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