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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Se não houvesse crise

A crise económica e financeira que nos bateu à porta anda na nossa cabeça e preocupa toda a gente, apesar de cada um a ver à sua maneira. Fiquei admirada com a observação feita pelo antigo ministro dos Negócios Estrangeiros no tempo do Engº Sócartes, de cabelo branco, já com uma certa idade, como eu me revi em cada palavra, mas é a 1ª vez que o vejo, ou antes, o oiço, ouvi-o na Antena 1, que me revi em cada pensamento em cada racíocinio, como nunca o tinha ouvido antes, será da idade? Eu acho e sinto mesmo em mim que o facto de se ter alguma idade podemos expressar as nossas opiniões duma forma mais natural, menos constrangida e até digamos mais honesta. Quando era muito crinaça dizia o que me vinha à cabeça, inocência total, depois fui crescendo e fui sendo censurada pelo olhar da mãe, da avó Maria Antónia, e com 9 / 10 anos pelo olhar fulminante das madrinhas, de tal modo que interiorizei que o mais que podia fazer era sorrir, naquele sorriso idiota que tanto dava para sim concerteza concordo, ou não sei bem, ou ainda não devo dizer nada, não me diz respeito,e tantos outros sorrisos idiotas e despropositados que fui arranjando ao longo do meu crescimento. Agora, mantenho o sorriso mas tenho opinião e expresso-a com mais ou menos paixão, porque paixão e emoção nunca ma tiraram, apenas a congelei e trasformei. Agora sinto-me bem quando digo o que penso com conta peso e medida, e por vezes com orgulho?! acrescento que a minha idade já não me permite ficar com palavras por dizer; o silêncio será de prata ou de ouro?!
Bom, isto tudo para dizer que se calhar não valia a pena levar tantos anos até que tivessemos a ousadia de dizer o que se pensa, sobretudo numa altura de crise monetária como esta que nos está a tirar do sério, e digo de mim para mim: indignate, barafusta, faz qualquer coisa mulher! Mas penso dentro de mim estas coisas e fico quieta no meu canto, sinto-me cansada, extenuada, até desiudida para me gastar em mais guerras, eu sei que não precisa ser uma guerra, mas se é para me indignar tenho que fazê-lo com o coração e não me sinto nem com forças nem motivada. Se me perguntasse o que valia a pena fazer, por este País, agora? Bom, trabalho todos os dias ainda que precisasse descansar mais, faço o meu trabalho com amor e no tempo que for preciso, sempre com atenção às necessidades do doente, dos parceiros de trabalho, posso ainda melhorar o meu desempenho profissional eliminado desperdícios, apenas falo nos meus desperdícios, escrevo para o jornal Ecos de Grândola, graciosamente, que posso fazer mais?
Entrar para um grupo de pessoas que façam voluntariado? Para grupo de solidariedade? Mas sinto-me a dar de mim tanto todos os dias, que me cansa só de pensar que ainda devo ir trabalhar um pouco mais, numa outra actividade! Se não houvesse crise? Bom, se não houvesse crise, arranjava uma quinta com galinhas, patos, coelhos, porcos, borregos e burros e couves, fruta e um canto com flores e mesa e cadeiras para ler e tomar chá.

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