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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Levar flores

Andar pela net é como começar a andar, de vez em quando a gente caí e depois até tem medo de erguer-se. Regressámos de umas mini-férias, andámos por Marvão, Castelo de Vide, e pouco mais, apenas uma breve passagem por Évora. Muito agradável. Durante o passeio escrevi no meu Blog e o resultado? Não sei o que aconteceu à minha escrita, e que pena, hoje já não vou voltar atrás nos meus pensamentos, agora é "sempre en frent" como tentatava dizer a um turista Inglesa a minha filha mais nova, ela que lê artigos em Inglês, quando tenta falar, pensa, felizmente não disse nada, mas esta frase ficou guardada por todos nós e de vez em quando volta à baila e todos nos rimos.Regressámos hoje e passámos por Cabeção e Móra, levámos umas flores aos cemitérios. Parece estranho mas eu ainda mantenho o mesmo hábito das madrinhas e da minha avó Maria Antónia de ir ao cemitério no dia 1 de Novembro, no dia de Todos os Santos, não acho piada nenhuma ao dia 31 de Outubro importado da América, e ainda não fui procurar se o dia de ir ao cemitério é o dia 1 ou o dia 2, nós íamos dia 1, a minha mãe ia mas resmungava, dizia sempre que não gostava nada de andar de preto, não gostava do luto, e ainda menos dessa palermice de ir ao cemitério pôr flores, mas ia, ficáva mal não ir. Eu não tenho ninguém a obrigar-me, parece que me sinto bem em ir, parece que ir ao sítio em que o seu corpo repousa e dizer-lhes que os amo e que tenho muitas saudades, deles todos, é confortante para a minha alma; levo só 2 potes de flores, o meu pai ficou numa campa sózinho, a minha mãe ficou numa campa com o meu avô Luís e a minha avó Maria Antónia, que são os seus pais, parece estranho? Estranho eu ter necessidade de falar desta circunstância do repouso deles, da necessidade de dizer que estão separados, da necessidade de visitá-los? Não sei bem, cada dia faz-se em mim uma luz nova sobre alguns temas, alguns acontecimentos, ainda não se fez luz nenhuma ácerca da saudade que tenho deles, ainda não se fez luz nenhuma ácerca da morte e o porquê de ainda não dispormos de conhecimentos suficientes para a entender, a morte claro. Também acho que muitos de nós nem queremos ouvir falar dela, mas desde miúda convivi com a morte e com o nascimento, era uma coisa natural que acontecia na vila onde nasci, e tanto íamos visitar quem nascia e levávamos flores, como íamos vistar quem morria, e levávamos flores. Percebi a morte da minha avó Galucha, da Ti Marcena, do meu vizinho da frente que o meu avó Luís dizia alto e bom som, que ela se tinha enganado, a morte claro, porque quem era para partir era ele. Se na altura achava estranho? Não, estas conversas eram tema das conversas que eu ouvia os meus pais, os meus avós e mesmo os meus bisavós e era normal.Tudo muito devagar, com tempo para falar e sentir tranquilamente todas as emoções que nos assaltavam nesses momentos, a noção do dever que era preciso cumprir e da ajuda que era preciso dar, mas falávamos muito, até já não precisarmos de falar mais, todos. Agora as pessoas, falam das emoções, do que as preocupa rápidamente, ao de leve, de preferência sem quase pensar, a fugir não se vá dar o caso de não conseguirem aguentar? Vou continuar a fazer tudo como me sinto melhor e o dia 1 de Novembro é importante para mim para levar flores a quem já partiu, e pensar devagarinho na falta que todos me fazem e como foi bom ter sido amada por todos eles.

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